domingo, 26 de abril de 2009

Igreja Católica canoniza Dom Nuno Álvares Pereira

Dom Nuno Álvares Pereira, desde a data da sua morte, no século XV, foi chamado de Santo Condestável.
Hoje, de manhã, foi o reconhecimento oficial da Igreja Católica, na cerimónia de canonização, realizada no Vaticano.

Acompanhei a emissão através do Canal Televisivo do Vaticano, via internet, pois não tenho acesso aos canais portugueses, via satélite. Sei que a cerimónia foi transmitida, quer pela RTP1, quer pela TVI.

Durante a transmissão, vi Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, descendente directo do Santo Condestável. A filha de Dom Nuno Álvares Pereira, Dona Beatriz Pereira de Alvim, casou com o primeiro Duque de Bragança, Dom Afonso, filho de Dom João I. Juntos fundaram a Casa de Bragança.

Os portugueses fizeram-se representar em força: vi bandeiras, vi cartazes de Braga (a cidade dos Arcebispos) e de Alcochete, vila antiquíssima.

O Papa Bento XVI falou em português da figura do Santo Condestável, mas eu não pude escutá-lo como desejava, porque a emissão foi em italiano, e as palavras foram traduzidas pelo locutor.

Posso dizer que esta canonização me deixou feliz, como portuguesa e cristã.

Tenho especial carinho pela figura do Santo Condestável :

pela coragem e determinação na luta pela nossa independência face a Castela, no desenrolar da crise de 1383-1385, destacando-se na Batalha de Atoleiros (próximo de Fronteira, no Alto Alentejo) e de Aljubarrota ( próximo de Leiria);

pela inteligência e pela estratégia militar que revelou em campo, apesar do seu exército ser mais pequeno que o exército de Juan I de Castela;

pela compaixão e tratamento misericordioso que demonstrou pelos seus adversários( inclusivie pelo seu irmão Pedro, que tomara o partido de Castela);
Dom Nuno Álvares Pereira, general que nunca perdeu uma batalha, manifestava assim, a sua generosidade cristã;

Sempre disponível para servir a Pátria, cada vez que esta o chamava, mesmo quando já estava no Convento que fundara em Lisboa, que hoje conhecemos como Ruínas do Carmo, e no qual ingressou depois de enviuvar, adoptando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, devido à grande devoção que tinha pela Virgem.

Despojou-se dos seus bens para servir os mais pobres e abandonados pela sorte.

Era chamado de “Santinho” pelo Povo a quem socorria diariamente.

Fico feliz quando vejo um português ser agraciado onde mais se distinguiu, pelas autoridades consideradas competentes para o efeito, neste caso específico, a Igreja Católica.
Dom Nuno de Santa Maria distinguiu-se na religiosidade, pela devoção a Maria, pela Caridade ao próximo, valor máximo dos Evangelhos.
Hoje foi o reconhecimento oficial da Igreja Católica de uma Santidade que o Povo sempre lhe atribuiu e reconheceu. Só para dar um pequeno exemplo, em Lisboa, há uma Freguesia que se chama Santo Condestável.

Para finalizar, convido-vos a conhecer a Fundação Batalha de Aljubarrota :) Vale a pena a visita!

E o video sobre a vida do Santo Condestável...



Nota:
Hoje, dei comigo a pensar como o Carmo é um lugar especial: ali foi fundado o Convento por Dom Nuno Álvares Pereira, figura que salvaguardou a nossa independência, e consequentemente, a nossa liberdade enquanto País, face a Castela, no século XIV.
Acredito que os Bascos, os Catalães e os Galegos também tivessem gostado de ter um Condestável como Dom Nuno...
Já no século XX, a 25 de Abril de 1974, outro homem, Salgueiro Maia, devolvia a Liberdade a Portugal, sem nada pedir para si, junto ao Quartel do Carmo, onde estava Marcelo Caetano, o Presidente do Conselho, à época.
Há Lugares e Homens, assim, Especiais :)

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